
Quando o Pai Falta: Feridas Invisíveis, Impactos Reais
Por Enéias Laurindo, Bacharel em Marketing, Psicanalista em Formação, colunista da Parceria Positiva e idealizador do projeto “O Despertar do Pai”
Nas entrelinhas do choro de uma criança, da agitação de um adolescente ou da insegurança de um jovem adulto, muitas vezes habita um silêncio profundo: o silêncio da ausência paterna.
Como pai de dois meninos e um amante da psicanálise clínica, tenho me dedicado a compreender — e ajudar outros homens a compreenderem — o quanto a figura paterna tem sido negligenciada, desvalorizada ou, em muitos casos, simplesmente ausente. E não me refiro apenas à ausência física, mas à
ausência emocional, à falta de vínculo, à invisibilidade afetiva.
O Peso da Ausência
Você sabia que, só em 2020, mais de 6% das crianças nascidas no Brasil foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento? São mais de 80 mil crianças começando a vida com um “vazio” oficial — e muitas outras com pais presentes apenas no papel. (Fonte: Agência Brasil / IBGE)
Esse é um número que não traduz toda a complexidade do problema, mas acende um alerta: estamos criando gerações inteiras marcadas por feridas silenciosas, que se manifestam de várias formas — baixa autoestima, dificuldades escolares, impulsividade, medos, dependência emocional e até
comportamento violento.
Segundo o site Psicologia Online, crianças com pais ausentes têm maior propensão a desenvolver distúrbios emocionais, como ansiedade, depressão e comportamentos de risco na adolescência.
A figura paterna vai além do “provedor”
Culturalmente, muitos homens foram ensinados que basta colocar comida na mesa e pagar as contas. Mas a verdadeira paternidade exige presença emocional, escuta ativa, validação e afeto. Um pai não é apenas quem sustenta, mas quem sustenta afetivamente. É aquele que olha nos olhos, que pergunta como o filho está de verdade, que ensina não apenas com palavras, mas com gestos de cuidado, respeito e amor.
E quando esse pai não está — ou está, mas não se conecta —, a criança aprende a se virar sozinha. Só que esse “se virar” tem um preço: autossabotagem, sensação de não pertencimento, dificuldade de confiar e se relacionar.
Precisamos acordar os pais adormecidos
Depois de ler a “Crise do Menino” do autor Warren Farrell, tive a iniciativa de criar o projeto “O Despertar do Pai”. Não para apontar dedos, mas para estender mãos. Muitos homens são filhos de pais ausentes — ou de homens emocionalmente analfabetos — e estão repetindo padrões sem perceber.
A proposta do despertar é: interromper esse ciclo, restaurar conexões e ajudar os pais a enxergarem a si mesmos como parte fundamental da vida emocional de seus filhos. Mesmo que tenham errado, mesmo que tenham falhado, sempre é tempo de reconstruir pontes.
Um convite para refletir Se você é pai, pergunte-se: como meus filhos me enxergam? Como se sentem
quando estou por perto? Será que me conhecem de verdade? E eu, conheço
meu filho além da rotina?
E se você é mãe, reflita: que lugar o pai ocupa na vida dessa criança? Está sendo estimulado a participar ou afastado pelas exigências da vida moderna ou pelas dores do passado?
Pais não são peças opcionais. São fundamentais.
Quando um pai desperta, um filho floresce.
E quando muitos pais despertam… uma geração inteira se transforma.
Se você deseja caminhar nessa jornada, acompanhe os próximos artigos.
Vamos falar de feridas, mas também de cura. Vamos falar de falhas, mas principalmente de recomeços. Me siga no Instagram @eneiaslaurindo.
Seja bem vindo ao Despertar,
Enéias Laurindo