
A relação com o Corpo e a Alimentação – Comer com culpa ou comer com consciência?
Para muitas pessoas, a relação com a comida é uma batalha diária. Uma guerra silenciosa entre o desejo e a culpa, a restrição e o descontrole. “Eu não deveria ter comido isso”, “prometi que não comeria mais doces”, “estou falhando de novo”. Esses pensamentos ecoam em nossas mentes, transformando o ato simples de nos alimentar em um peso emocional. Mas o que aconteceria se a gente parasse de lutar e começasse a ouvir? O que significa, de fato, “comer com culpa” ou “comer com consciência”?
Comida como Refúgio ou Punição?
Em uma sociedade que constantemente nos diz o que devemos ou não comer, é fácil perdermos a conexão com as nossas próprias necessidades. A comida se torna um refúgio para as emoções difíceis ou uma punição por um deslize. Essa dança entre recompensa e culpa cria um ciclo que, no fundo, nos afasta cada vez mais de nós mesmos. Nesta coluna, vamos explorar a verdade por trás desse ciclo e como é possível reescrever essa história, transformando a alimentação em um ato de cuidado, e não de controle.
Aprofundando o “Comer com Culpa”:
O “comer com culpa” é alimentado pelos nossos sabotadores invisíveis. Aquela voz que diz “você não tem disciplina” ou “você é fraco”. Lembra da nossa última coluna? Essa mentalidade nos coloca em um ciclo vicioso. Restringimos, o que aumenta o desejo. Cedemos ao desejo, o que gera uma culpa avassaladora. E a culpa, por sua vez, nos faz querer punir o corpo, reiniciando a restrição. É um ciclo que nos deixa presos, sem espaço para a liberdade e a autoaceitação.
Introduzindo a “Alimentação Consciente”:
Em oposição, a alimentação consciente (ou mindful eating) não é um conjunto de regras, mas uma forma de se relacionar com a comida de maneira presente e gentil. É sobre notar o que o seu corpo realmente precisa, em vez de seguir o que a mente crítica ou a última dieta diz. É parar para sentir o cheiro, a textura e o sabor dos alimentos, e reconhecer os sinais de saciedade. É um convite para você voltar a ter uma conversa honesta com o seu corpo, sem julgamentos.
O elo entre Emoções e Comida:
E o que tem por trás do desejo de comer quando não estamos com fome? As emoções. O famoso “comer emocional” é uma forma de usar a comida para preencher um vazio interno, para acalmar a ansiedade ou para celebrar algo sem realmente processar o sentimento. A comida vira um curativo para uma ferida emocional, mas que não a cura, apenas a esconde temporariamente. Nossa jornada de consciência, que começou com a pergunta “quem sou eu quando ninguém está olhando?” e passou pelo reconhecimento das emoções e dos sabotadores, agora nos leva a uma das áreas mais íntimas da nossa vida: a relação com a comida. É aqui que o nosso aprendizado sobre as raízes das emoções e os pensamentos sabotadores se encontra com a alimentação. O caminho para a liberdade alimentar não está em uma nova dieta, mas em uma nova mentalidade. Na próxima coluna, exploraremos o que está por trás da busca por um corpo ideal, como ferramentas para nos conectarmos ainda mais com o nosso corpo e mente, e continuarmos a construir uma vida mais autêntica.
Experimento Terapêutico:
O convite de hoje é simples, mas poderoso: na sua próxima refeição, pare por um instante. Respire. Pergunte a si mesmo: “Estou com fome física ou emocional?” Tente comer sem culpa. Apenas observe. Essa pequena pausa é o primeiro passo para transformar a sua relação com a comida de uma batalha para um ato de amor-próprio.
Te desejo pensamentos mais gentis e um olhar mais amoroso sobre si. E se você quiser saber mais sobre tudo isso que venho compartilhando com você, te convido a me seguir na página do Instagram @psi.stefanipaes
Com carinho,
Stefani Paes.